A palavra câncer envolve um grupo de mais de 200 tipos de doenças diferentes. Não se trata de uma única doença, mas de doenças heterogêneas, com comportamentos que podem ser muito distintos. Portanto, se você recebeu uma biopsia confirmatória ou uma suspeita diagnóstica, tenha em mente que é preciso buscar um especialista para compreender qual tipo de doença se apresenta de fato e quais as formas de conduzir cada caso individualmente.
Causas do câncer
Trata-se de uma doença complexa, não há como apontar uma causa única. Mas sabemos que fatores genéticos, exposição a agentes tóxicos e influencias do estilo de vida são contribuintes.
Dra. Samira Cotta, Oncologista, especialista no cuidado a pacientes com câncer
Dra. Samira Cotta vem trabalhando nos últimos anos de sua carreira com estratégias de prevenção e suporte aos sobreviventes do câncer, ferramentas necessárias para reduzir o impacto da doença na vida de tantas pessoas e de tantas famílias.
Dra Samira é médica clínica, oncologista e paliativista,
com área de atuação em predisposição hereditária ao câncer,
oncogenética, e modulação epigenética para prevenção
e redução de recidiva no câncer.
Currículo
- Médica pela UFJF em 2011.
- Especialista em titulada em Clínica Médica em 2014 pela FHEMIG , RQE 38754
- Especialista em titulada em Oncologia Clinica em 2017 pela UFMG, RQE 38755
- Membro Titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, SBOC
- Pós Graduada em Cuidados Paliativos em 2020 pela PUC-MG.
- Pós Graduada em Oncogenética em 2023 pelo H. Albert Einstein.
Biologia do câncer
A doença é caracterizada por uma proliferação desordenada de células com algum dano em sua estrutura, o que faz com que essas células não funcionem de modo adequado e ativem o “modo sobrevivência”. De algum modo, os mecanismos de reparo celular não atuaram bem e as células não foram devidamente reconhecidas e eliminadas pelo sistema imunológico.
Heterogeneidade do câncer
Por ser uma doença com apresentações amplamente distintas, o comportamento pode variar muito a depender do nome, sobrenome e assinatura genética. Existem doenças de comportamento lento, intermediário e agressivo. Por isso, ao receber um diagnóstico tenha em mente que serão necessárias muitas informações para que o médico oncologista defina uma perspectiva de comportamento da doença. O melhor a fazer é buscar um profissional capacitado para realizar a leitura do diagnóstico e orientar os próximos passos.
O tratamento do câncer
Existem diversas modalidades de tratamento para o câncer. Quimioterapia não é a única opção, embora seja o que vem a mente da maioria dos pacientes quando se abre um laudo com o diagnóstico.
Por ser uma doença extremamente heterogênea há casos em que apenas a cirurgia é capaz de eliminar o tumor sem necessidade de terapias adicionais. Portanto, antes de alimentar sua mente com as piores possibilidades, procure um especialista para lhe informar e realizar o direcionamento correto para o caso.
Modalidades de tratamento
Existem várias opções de tratamento que devem ser individualizadas.
- Cirurgia: Aberta, por vídeo, robótica, embolização e modalidades que combina, cirurgia com quimioterapia.
- Radioterapia: Conformacional 3D, radiocirurgia e outra modalidades que combinam cirurgia com radioterapia.
- Terapia sistêmica: Quimioterapia, anticorpos monoclonais, imunoterapia, hormonioterapia e combinações de mais de um tecnologia.
Mesmo para pacientes que aparentemente possuem o mesmo tipo de tumor a escolha terapêutica pode ser complemente distinta a depender de informações técnica específicas de cada um e da condição clinica de cada paciente.
A presença de doenças prévias ao câncer pode impactar diretamente nas escolha do tratamento mais indicado para o caso.
Câncer como uma doença genética
Alterações germinativas no DNA
São alterações herdadas desde nosso nascimento. Em cerca de 10-20% dos casos podem ser identificadas variantes em mutações genéticas existentes desde o nascimento.
Alterações somáticas no DNA
Não estão relacionadas a hereditariedade. Consistem em alterações na leitura do DNA provocadas por fatores externos ao longo da vida que geram dano ao material genético.
Estilo de vida e câncer
Fatores de risco sabidamente relacionados
- Obesidade
- Tabagismo
- Etilismo frequênte
- Alto consumo de carnes ultraprocessadas
- Exposição a substâncias tóxicas
- Dentre outros
Fonte: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/causas-e-prevencao-do-cancer/o-que-causa-o-cancer
Aconselhamento genético
Consiste em orientar o paciente e familiares sobre indicação ou não de testagem genética para saber se a origem do câncer pode ser hereditária.
Mas o que eu faço com essa informação?
Um painel genético bem direcionado para a condição do paciente permite estabelecer estratégias de prevenção e vigilância de novos tumores, bem como guiar tratamentos alvo direcionados.
No caso dos familiares será sugerida testagem, se for identificada alguma variante genética no paciente diagnosticado. Caso seja identificada a mesma alteração do paciente em algum familiar é possível traçar estratégias para rastreamento e prevenção da doença, podendo ser recomendada alguma cirurgia redutora de risco a depender da variante encontrada.
Epigenética e câncer
Epigenética consiste em uma complexa engenharia biológica influenciada pelo modo como vivemos. A partir dela é possível ativar mais ou menos a expressão de genes, o que pode ser protetor em relação ao câncer ou gatilho para o mesmo. Consiste em um campo de grande interesse científico para estudo, com potencial para trabalhar diversas estratégias de prevenção do câncer.
Predisposição Hereditária e Predisposição comportamental à doença
Importante compreender que podemos não encontrar um dano especifico no DNA que justifique o surgimento da doença, mesmo em uma família com vários casos de câncer. Contudo, podem existir comportamentos tóxicos que se perpetuam de geração para geração; a exemplo do consumo exagerado de carnes ultraprocessadas e estilo de vida que favorece a obesidade. Portanto, olhar além da genética é fundamental para cuidar dos pacientes em tratamento, dos sobreviventes do câncer e dos famíliares.
Entrevista com Fernanda Freitas. Tema: Cuidado aos sobreviventes do câncer
Após o câncer é preciso voltar a viver!
Para isso vários pilares da vida precisam de atenção. Assim como o solo precisa ser cuidado quando um árvore adoece nossa vida também segue a mesma necessidade.
Entenda sobre prevenção primária, secundária e terciária. Existem vários níveis de prevenção que podem ser trabalhados para reduzir não apenas o surgimento da doença, mas também reduzir os riscos de recidiva e de novos tumores.
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